segunda-feira, 28 de julho de 2014

Frase do Ano!

— Pode partir meu coração. Mil vezes, se desejar. Sempre foi seu para machucar como quiser.

Maxon: Carta


25 de dezembro, 16h30
Querida America,
Faz sete horas que você partiu. Já fui até seu quarto duas vezes para perguntar se tinha gostado dos presentes para depois lembrar que você não está aqui. Me acostumei tanto com você que é estranho não vê-la por perto, passeando pelos corredores. Estive algumas vezes a ponto de telefonar, mas não quero parecer possessivo. Não quero ser uma jaula para você. Lembro o que você disse sobre o palácio em sua primeira noite aqui. Acho que, com o passar do tempo, você começou a se sentir cada vez mais livre, e eu detestaria arruinar essa liberdade. Vou ter que arrumar uma distração até você voltar.
Decidi sentar e escrever, na esperança de que a sensação fosse a mesma de falar com você. Funciona um pouco. Posso imaginá-la sentada aqui, achando graça da minha ideia, talvez balançando a cabeça diante da minha ingenuidade.
Você faz isso às vezes, sabia? Gosto dessa sua expressão. Você é a única que faz isso sem me fazer parecer um caso perdido. Você ri das minhas idiossincrasias, aceita a existência delas e continua a ser minha amiga. E, em apenas sete horas, já comecei a sentir falta disso.
Fico imaginando o que você já terá feito nesse curto espaço de tempo. Aposto que a esta altura você já cruzou o país no avião e chegou em casa, a salvo. Espero que você esteja a salvo. Não consigo imaginar o conforto que a sua presença significa para sua família. A amada filha finalmente voltou!
Fico tentando visualizar a sua casa. Lembro que você me disse que era pequena, que tinha uma casa da árvore e que seu pai e sua irmã trabalhavam na garagem. O resto fica por conta da minha imaginação. Imagino você abraçando sua irmã ou jogando bola com seu irmãozinho. Eu me lembro disso, sabia? Você contou que seu irmão gostava de jogar bola.
Tentei imaginar como seria entrar na sua casa ao seu lado. Eu gostaria de ver o lugar onde você cresceu. Adoraria ver seu irmão correr por aí ou ganhar um abraço da sua mãe. Acho que seria reconfortante sentir a presença das pessoas ao redor: os estalos das tábuas dos pisos, o barulho das portas se fechando. Teria gostado de sentar em alguma parte da sua casa e talvez ainda assim sentir os aromas da cozinha. Sempre imaginei que as casas de verdade fossem repletas dos aromas do que se cozinhava. Não faria nada relacionado a trabalho. Nada de exércitos, orçamentos ou negociações. Ficaria sentado ao seu lado, ou trataria de aperfeiçoar minhas fotos enquanto você tocava piano. Seríamos Cinco juntos, como você disse. Poderia jantar com a sua família e falar com um e outro em uma série de conversas, em vez de cochichar e ter que esperar minha vez. E talvez eu dormisse em uma cama extra ou no sofá. Dormiria no chão aos seus pés, se você deixasse.
Penso nisso às vezes. Adormecer com você, como no abrigo. Foi bom ouvir sua respiração, calma e tranquila, afastando minha solidão.
Esta carta ficou boba, e acho que você sabe como odeio fazer papel de bobo. Mas, ainda assim, faço. Por você.
Maxon

25 de dezembro, 22h35
Querida America,
É quase hora de dormir. Tento relaxar, mas não consigo. Só penso em você. Tenho pavor só de pensar que você pode ser ferida. Sei que alguém me informaria se você não estivesse bem, e isso até virou uma espécie de paranoia. Sempre que alguém vem me entregar uma mensagem, meu coração para por um instante, com medo do pior: você se foi. Você não vai voltar mais.
Queria que você estivesse aqui. Queria pelo menos vê-la.
Você não vai ler estas cartas. Seria muita humilhação.
Quero você aqui. Não paro de pensar no seu sorriso e de me preocupar com a ideia de nunca mais vê-lo. Espero que volte para mim, America.
Feliz Natal,
Maxon

26 de dezembro, 10h
Querida America,
Consegui sobreviver à noite, o que é um grande milagre. Quando finalmente acordei, me convenci de que não havia motivo para preocupação. Jurei que hoje me concentraria no trabalho e não me afligiria por sua causa.
Passei o café da manhã e quase uma reunião inteira sem pensar em você, mas não consegui mais do que isso. Falei que estava me sentindo mal e saí. Agora estou escondido em meu quarto, escrevendo, na esperança de que isso me dê a sensação de que você está em casa de novo.
Sou tão egoísta. Hoje você vai enterrar seu pai, e tudo o que consigo pensar é em trazê-la de volta para cá. Agora que de fato escrevi isso e posso ver as palavras no papel, me sinto um completo idiota. Você está exatamente onde deveria estar. Acho que já disse isso, mas tenho certeza de que é um conforto para sua família. Sabe, nunca lhe disse isto – e deveria – mas você ficou muito mais forte desde que a conheci. Não sou arrogante o suficiente para achar que tive alguma influência nisso, mas acredito que essa experiência mudou você. Eu com certeza mudei. Desde o princípio, você demonstrou seu próprio tipo de coragem, que foi se transformando em algo mais forte.
Eu costumava vê-la como uma menina com um saco cheio de pedras, pronta para atirá-las contra qualquer inimigo que cruzasse seu caminho. Agora, é como se você fosse a pedra. É firme e hábil. E aposto que sua família também percebe isso. Eu deveria ter dito isso a você. Espero que volte logo para que eu diga.
Maxon

26 de dezembro, 19h40
Querida America,
Andei pensando em nosso primeiro beijo. Acho que seria melhor dizer primeiros beijos, mas me refiro ao segundo – aquele que você me pediu. Já lhe contei como me senti naquela noite? A questão não é só que foi o primeiro beijo da minha vida; a questão é que meu primeiro beijo foi com você. Já vi muita coisa, America, já estive em diversos cantos do planeta. Mas nunca senti nada que fosse tão especial como aquele beijo. Gostaria que fosse algo que eu pudesse pegar com uma rede ou colocar em um livro. Gostaria que fosse algo que eu pudesse guardar e, ao mesmo tempo, contar para todo mundo: é isso, é assim que você fica quando se apaixona.
Estas cartas são tão constrangedoras. Vou precisar queimá-las antes da sua volta.
Maxon

27 de dezembro, meio-dia
America,
Acho melhor contar logo eu mesmo, já que sua criada com certeza vai fazer isso. Tenho pensado nas pequenas coisas que você faz. Às vezes você assovia ou cantarola enquanto caminha pelo palácio. Às vezes, quando vou ao seu quarto, ouço as melodias guardadas em seu coração saindo pela porta. O palácio fica vazio sem elas.
Também sinto falta do seu cheiro. Do perfume que se desprende do seu cabelo quando você vira a cabeça para rir de mim, ou do aroma que sua pele exala quando caminhamos pelo jardim. É inebriante. Então fui até seu quarto para borrifar seu perfume no meu lenço; outro truque bobo para ter a sensação de que você está aqui. Quando eu estava saindo do quarto, Mary me pegou no flagra. Não sei o que ela queria, já que você não estava. Mas ela me viu e soltou um grito agudo. Um guarda veio correndo para ver o que tinha acontecido. Ele estava pronto para atirar e seus olhos brilhavam, ameaçadores. Quase fui atacado. Tudo porque senti falta do seu cheiro.

27 de dezembro, 23h
Minha querida America,
Nunca escrevi uma carta de amor, então me perdoe se eu fracassar.
O jeito simples seria dizer apenas que amo você. Mas, na verdade, é muito mais que isso. Quero você, America. Preciso de você.
Fui tão contido com você por medo. Tenho medo de mostrar tudo de uma vez e deixá-la perdida ou assustada. Tenho medo de que, no fundo de seu coração, seu amor por outra pessoa nunca vá acabar. Tenho medo de cometer um erro de novo, tão enorme que vai fazer você se recolher nesse seu mundo particular. Nenhuma bronca de um tutor, nenhuma chibatada de meu pai, nenhum isolamento durante minha infância chegou a me doer tanto quanto a possibilidade de perder você.
Sempre penso que essa possibilidade está à espreita, pronta para voltar e me atacar. Então me apeguei a todas as opções, temendo que quando as descartasse você apareceria, de braços cruzados, feliz por ser minha amiga, mas incapaz de ser minha parceira, minha rainha, minha esposa.
E o que mais quero no mundo é que você seja minha esposa. Amo você. Por muito tempo, tive medo de admitir, mas agora sei.
Nunca me alegraria com a morte de seu pai, com a tristeza que você está sentindo desde a partida dele ou com o vazio que me acomete desde que você saiu. Mas agradeço muito que você tenha ido. Não sei ao certo quanto tempo levaria para chegar a essa conclusão se não tivesse que imaginar como seria a minha vida sem você. Agora sei, com toda a certeza, que essa não é a vida que eu quero.
Eu queria ser um artista como você, para poder expressar o que você se tornou para mim. America, meu amor, você é luz do sol filtrada pelas árvores. É o riso num momento de tristeza. É a brisa em um dia de verão. É a clareza quando só há o caos.
Você não é o mundo, mas é tudo o que torna o mundo bom. Sem você, minha vida ainda existiria, mas só.
Você disse que, para acertar as coisas, um de nós teria que dar um salto de fé. Acho que encontrei o abismo que devo saltar, e espero encontrar você à minha espera do outro lado.
Eu te amo, America.
Seu para sempre,
Maxon

Frases

— Espero que sim. Em parte porque, de fato, temos a obrigação legal de produzir herdeiros. Mas também porque… quero tudo com você, America. Quero os feriados e os aniversários, as épocas corridas e os finais de semana preguiçosos. Quero manchas feitas por dedos sujos de creme de amendoim na minha mesa de trabalho. Quero piadas internas, brigas e todo o resto. Quero uma vida com você.

Declaração


— Minhas costas.
Acariciei seu rosto e olhei bem fundo em seus olhos, para não deixar dúvidas sobre meus sentimentos.
— Maxon, algumas dessas cicatrizes estão nas suas costas para que não estivessem nas minhas, e eu amo você por isso.
Ele parou de respirar por um segundo.
— O que você disse?
— Que eu amo você — falei, sorrindo.
— Mais uma vez, por favor? É que…
Segurei sua cabeça com as duas mãos.
— Maxon Schreave, eu amo você. Eu amo você.
— E eu amo você, America Singer. Amo você com todo o meu coração.

Carta do pai de América


America,
Minha doce menina. É difícil começar a escrever esta carta porque sinto que há muito a dizer para você. Embora eu ame todos os meus filhos igualmente, você tem um lugar especial em meu coração. Kenna e May se apoiam mais em sua mãe; Kota é tão independente que Gerad fica fascinado por ele; mas você sempre recorreu a mim. Quando arranhava o joelho ou sofria na mão dos mais velhos, sempre buscava os meus braços. Era a coisa mais importante do mundo saber que pelo menos um dos meus filhos tinha em mim seu porto seguro.
Contudo, mesmo que você não me amasse do jeito que ama, sem qualquer preocupação ou comedimento, ainda seria incrivelmente orgulhoso de você. Você está se tornando uma artista talentosa por mérito próprio, e o som de seu violino ou da sua voz ecoando pela casa são os mais adoráveis e tranquilizantes do mundo. Gostaria de poder lhe dar um palco melhor, America. Você merece muito mais do que ficar se apresentando em festinhas. Fico sempre na esperança de que você seja uma das sortudas, um dos pontos fora da curva. Acho que Kota também tem essa chance. Ele tem talento para o que faz. Mas tenho a impressão de que Kota lutaria por isso, e não sei se você tem esse instinto. Você nunca foi uma menina agressiva, como alguns membros das castas inferiores podem ser. E esse é um dos motivos que me fazem amar você.
Você é boa, America. E ficaria surpresa de saber como isso é raro neste mundo. Não digo que seja perfeita; como já testemunhei seus acessos de raiva, sei que isso está longe de ser verdade! Mas você é bondosa, e sofre quando as coisas não são justas. Você tenta agir assim com seus irmãos às vezes, e não aceita o segundo lugar simplesmente por ser mais jovem. E luta para que May e Gerad fiquem bem quando poderia simplesmente não fazer nada. Você é boa.
Suspeito que enxergue o mundo de um jeito que ninguém mais vê, nem mesmo eu.

A Escolha

                                  



A Escolha é o terceiro e último volume da trilogia “A Seleção” da autora Kiera Cass. O que falar de um livro tão aguardado, que deixa uma sensação de vazio após a leitura?
Parte por ter acabado a série, e por outro lado o fato de a autora apostar em deixar "tudo muito bonito" e esquecer-se de desenvolver a história, descrever cenas (muito importantes de guerra e afins) e sai deixando vários buracos na história do desfecho da trilogia.
A Seleção mudou a vida de trinta e cinco meninas para sempre. E agora, chegou a hora de uma ser escolhida.
America nunca sonhou que iria encontrar-se em qualquer lugar perto da coroa ou do coração do Príncipe Maxon.  Mas à medida que a competição se aproxima de seu final, ela percebe que tem coisas mais importantes acontecendo a sua volta do que somente “A Seleção”, e com alguns acontecimentos envolvendo a monarquia, os rebeldes, sua família e as selecionadas pode mudar para sempre a sua vida.
Desde o começo da série “A Seleção”, Kiera Cass deixou bem claro que o foco dos livros era o romance. A distopia era apenas um “plano de fundo” para desenvolver os conflitos e as questões relacionadas a escolha da próxima princesa de Illéa.
Em A Escolha, a autora apostou em desenvolver o caráter dos personagens e o amadurecimento deles. Alguns personagens mudaram MUITO, indicando alguns ”spoilers” logo no começo do livro. Sabe quando um personagem é odiado durante a série inteira, e de repente a autora resolve criar uma espécie de redenção? Já pode esperar que tem coisa ruim no caminho …
America está mais decidida e corajosa em demostrar seus ideias. Maxon continua o mesmo e tenho que admitir que ele me irritou profundamente da metade para o final do livro. Aspen? Bom, esse é um personagem meio que coringa na história, no começo da série (A Seleção) demostrava uma coisa e agora no terceiro livro estava mudado (ok, as pessoas amadurecem), mas achei que faltou um pouco de desenvolvimento e justificativa para alguma de suas ações em A Escolha.
"— Você consegue fazer isso. E vai. Se quer Maxon, precisa ser perfeita. Estou certa de que sabe que nem todos estão a seu favor. (…) E eu precisava ser perfeita. A perfeição era minha única escolha."
Sabe quando falta livro pra tanta história? Não que o livro seja ruim, muito pelo contrário. Foi um bom desfecho para a trilogia, mas acho que a Kiera poderia ter apostado em um quarto livro e desenvolvido mais a história desse, chega uma parte que a autora começa a adicionar vários fatores e deixa sem explicação, criando vários buracos na história.
A diagramação da versão nacional do livro está perfeita, assim como a tradução, a capa e a qualidade em geral da edição da Editora Seguinte.
“A Seleção” vai deixar saudades, espero que a Kiera escreva mais alguns contos ou resolva aparecer com um quarto livro para cumprir essas lacunas deixadas em “A Escolha”, afinal … quem nunca?

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