America,
Minha doce menina. É difícil começar a escrever esta carta porque sinto que há muito a dizer para você. Embora eu ame todos os meus filhos igualmente, você tem um lugar especial em meu coração. Kenna e May se apoiam mais em sua mãe; Kota é tão independente que Gerad fica fascinado por ele; mas você sempre recorreu a mim. Quando arranhava o joelho ou sofria na mão dos mais velhos, sempre buscava os meus braços. Era a coisa mais importante do mundo saber que pelo menos um dos meus filhos tinha em mim seu porto seguro.
Contudo, mesmo que você não me amasse do jeito que ama, sem qualquer preocupação ou comedimento, ainda seria incrivelmente orgulhoso de você. Você está se tornando uma artista talentosa por mérito próprio, e o som de seu violino ou da sua voz ecoando pela casa são os mais adoráveis e tranquilizantes do mundo. Gostaria de poder lhe dar um palco melhor, America. Você merece muito mais do que ficar se apresentando em festinhas. Fico sempre na esperança de que você seja uma das sortudas, um dos pontos fora da curva. Acho que Kota também tem essa chance. Ele tem talento para o que faz. Mas tenho a impressão de que Kota lutaria por isso, e não sei se você tem esse instinto. Você nunca foi uma menina agressiva, como alguns membros das castas inferiores podem ser. E esse é um dos motivos que me fazem amar você.
Você é boa, America. E ficaria surpresa de saber como isso é raro neste mundo. Não digo que seja perfeita; como já testemunhei seus acessos de raiva, sei que isso está longe de ser verdade! Mas você é bondosa, e sofre quando as coisas não são justas. Você tenta agir assim com seus irmãos às vezes, e não aceita o segundo lugar simplesmente por ser mais jovem. E luta para que May e Gerad fiquem bem quando poderia simplesmente não fazer nada. Você é boa.
Suspeito que enxergue o mundo de um jeito que ninguém mais vê, nem mesmo eu.
que triste!
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